sexta-feira, 19 de março de 2010

Entretanto...

              Café. Seria talvez um deslize do fígado ou aquele café estava com gosto de  melado? Coçava a cabeça enquanto tentava decifrar tão difícil questão.
Tinha que sair daquela cadeira, mas o corpo atualmente teimava em não oberdecer. E, ali, ficava quase criando mofo, de tanta falta de ânimo.
Por fim levantou-se. Bocejou, olhou em volta, tossiu, fez que ia e não foi. Cambaleou, quase caiu. Mas deu o primeiro passo. Arrastando os chinelos, foi até a janela.

               O dia era nublado, mas não fazia calor. Tinha chovido um pouco e o chão da calçada estava molhado. Em algumas poças refletiam rostos, imagens que passavam rápidas na rua. Fazia um silêncio estranho, pensou. Aquela hora a cidade devia fervilhar, porém estava um silêncio que quase dava para pegar. Era tão real, que dava vontade de retirar com as mãos um pouco, ou melhor, um pedaço daquele silêncio e guardar. Quem sabe na gaveta, para quando mais tarde o zumbido estridente dos carros, das buzinas, das pessoas falando, das sirenes, do estardalhaço da grande cidade atrapalhar seu sono, ele o usar um pouquinho.
           
              O som do silêncio, quantas melodias podia fazer, quantas canções poderia compor, quantos mundos, quantas estradas, quantas mulheres, quantos beijos, quantos olhares, carinhos, tapas, entremeios, quantos...silêncios...quantos?

              Era verdade, finalmente entendeu, o café estava com aquele gosto. De silêncio? Não. Com gosto do melado que - ironicamente - esqueceu que usava toda manhã.

Um comentário:

  1. Vc gosta de pin up? dá uma olhadinha por aqui.

    Tem uns vestidinhos super fofos e umas sapatilhas de babar.
    Além das peças do Flickr, tem no orkut e blog
    http://vivimodaexclusiva.blogspot.com
    Acho que vás gostar!

    Bjos, Vivianne

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