terça-feira, 24 de agosto de 2010

Os rios que passam em mim...

O tempo devia parar na mesma confluência do meu desejo. As mudanças foram rápidas e apenas hoje, mais especificamente nesse exato momento, ao entrar no quarto e ver o homem amado simplesmente assistindo televisão frente a brisa fresca que entra pela janela, me senti voltando. Retornando de uma viagem agoniada de sofrimento e suspensão, de urgências resolvidas com doses exageradas de dor e sem poder, em nenhum momento, tomar um comprimido pra relaxar - afinal tenho inversão química - o que devia relaxar, altera, o que altera, relaxa e como ninguém pode viver de coca cola e café pra dormir, fui deixando o sono voltar naturalmente.
Nesse revés, pude por fim, voltar como filho pródigo a casa tão querida e por um longo tempo, não cronológico, mas longo de ausência, pude me sentir eu mesma novamente, modificada, mais velha, ressequida e quem sabe madura, mas estando perto de mim, dentro novamente de meu corpo tão revolvido, em carne viva, choroso, lamentoso, querendo um pouco de puro ar, de danças que revigoram, de ventos gélidos e águas congeladas, daquelas que nos despertam a força pra essa vida com trilha sonora tão distinta, alegre e duvidosa, dessa velha nova e inesperada vida, viva e viva continuo, certa de que muitas águas ainda tem que passar por baixo dessa velha ponte bonita de madeira, talhada com o cuidado certo e devido de torná-la segura, flexivel, possibilitadora e prestadora de grandes direções e caminhos, mas que pode também ser mágica e mudar de margens, alcançar novos rios, com correntezas ou não, calmos, serenos, revoltos, fracos, corregos, rios caldelosos, pedregosos, barulhentos, silenciosos, lamacentos e outros com limpas águas. 

2 comentários:

  1. Dorei o texto , Renata!!! E o seu blog tá lindo! Vamos com fé! A vida é impermanência, mutação; que nos adaptemos a ela da melhor maneira; muita força e luz!!! Bjim proC e Marcus; inté..

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