quarta-feira, 2 de junho de 2010

Era o início.

Entre os pés ríspidos ela traçava caminhos ondulantes, crispava toda vez que via um friso no chão. Saltava com leveza estonteante. Ela delicada, elegante, com traços finos e bem delineados, porém não era bonita exatamente. Era interessante. Os negros cabelos perpassavam os ombros. A cintura fininha, dava voltas em duas no cinto de um amarelo desmaiado. A saia de flor tinha um remendo na ponta. A blusinha enjoada com poas muito clarinhos fazia um estilo amassado. Pelo transparente tecido via-se a combinação, muito bem limpa, embora já contasse alguns anos. Os sapatos eram pretos quase no mesmo tom do cabelo e no couro as dobras já existiam, mas ela disfarçava com graxa todas as manhãs.
Assim ia pela rua de paralelepipedos. O tempo chuvoso, o céu enferruscado. Relampejava ao longe avisando mais chuva, mas pra mais tarde. Ela ia rápida, pois tinha muito bolo para entregar. Pulava nervosamente alguma poça mal colocada no chão batido de terra. E via nesse instante sua figura lânguida trotar em ar. E gostava, era um prazer ver-se caminhando. Quando falava caprichava na gesticulação, as mãos bailavam num discursso sem fim.
Era ela, simplesmente Alice.

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