terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Rendilhado

os grilos a perseguiam, mas era uma perseguição branda, daquelas que dão repouso e não angustiam. Ela andava da janela em direção a cozinha e sempre rangia a mesma tábua. Eram os ossos que também esvelheciam? Nada envelhecia, sentia-se ainda com idade de moça, pele esticada, cabelos com brilho... é isso, havia estacionado fazia muito tempo. E, estacionada e não engessada, perseguia muitos anos de criações. E apenas ia, vindo, chegando, distanciando, silêncio e cura. Era ela, só e simplesmente. Era só, pensamento, ação e azia. E perfazia, cada momento uma descoberta nova. As velhas jogava-as no lixo, só guardava o que valia. E valida, ela ia. Não se importava até quando, queria apenas continuar ouvindo grilos, o ranger das tábuas. Seus pensamentos, seus sussuros e sonhos de moça. Ora velha, ora mediana, apenas importava ser ela. Simplesmente.

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